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A Soberania de Deus e as tragédias humanas



As tragédias que ocorrem na humanidade levam muitas pessoas a se questionarem sobre a existência de Deus em um dos seus atributos incomunicável, a saber: sua soberania; associando-o a outro atributo, definido como comunicável: a bondade. Noutras palavras, como um Deus bom e soberano permite tragédias sobre à humanidade? Na Confissão de Fé de Westminster, capítulo III, parágrafo primeiro, afirma-se:


Desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.


O que está proposto no parágrafo supracitado é: a mão soberana de Deus orienta todo o curso da humanidade, mais precisamente tudo o que está ligado à nossa vida individual e aos eventos à nossa volta, tanto nas regiões espirituais quanto terrenas, mas isso não O torna o autor do pecado, pois isto seria uma incoerência, uma vez que O concebemos como totalmente Santo (Tg 1.12-15). Ele não atropela a vontade de escolha da criatura, consequentemente, a liberdade não lhe é retirada. Ravi Zacharias, um apologista cristão, trabalha a afirmação: a liberdade é que nos torna seres humanos. Ele não retira a contingência das causas secundárias, anteriormente estabelecidas, ou seja, ele não elimina a possibilidade do acontecer ou não daquilo que depende da ação humana.


Para que você entenda: a noção de causas secundárias está em uma relação de contraste e dependência da causa primeira. Quem é a causa primeira? Deus! Exemplo de causas secundárias: se um agricultor não plantar, não irá colher. Isto fora anteriormente estabelecido. A soberania do único Deus, que é por essência bom, não altera a natureza dos eventos, mas determina-os. Em que sentido? Para que se colha algo da terra é preciso plantar, Deus determinou que fosse assim; uma semente precisa ser lançada no solo. Hodge (2013, p. 98) afirma: “ele [Deus] faz o agente livre e os eventos contingentes as suas condições”.


De forma direta, a soberania de Deus não anula a noção de que as coisas dependem de suas causas e condições, pois ele [Deus] as criou. Tudo isso foi ressaltado para dizer: somos a causa da nossa própria tragédia. Colhemos dentro de uma relação de causas e efeitos os danos de nosso próprio egoísmo e avareza. Deus, diante das tragédias humanas, continua sendo totalmente Soberano e Bom, e no mesmo lugar de sempre, seu trono (Ap 4). Nós colhemos os frutos amargos do nosso distanciamento de Deus, e depois queremos colocar a culpa Nele.


Se a mineradora em Mariana-MG tivesse respeitado os limites da natureza, aquela tragédia não teria acontecido. Dentro da soberania de Deus, aquele evento já estava determinado, no sentido de que, ao ferirem o solo e o usarem de forma inadequada atrairiam para si, a tragédia anunciada. Logo, até esse evento triste não está fora do controle de Deus, ou de suas determinações soberanas. O que aconteceu não pegou Deus de surpresa, pois conhece antecipadamente todos os eventos. Ele os determina soberanamente, sem anular a nossa responsabilidade. Se tivessem respeitado ao mandamento de cultivar o solo coerentemente, dado a Adão no Éden (Gn 2.15), nada disso teria acontecido.


O problema não está em Deus, mas na própria humanidade.

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